Hummanno

Um poeta autodidata

sábado, 3 de abril de 2010

Três Corações, Uma Só Batida - parte 1

Hummanno

Hummano foi criado
Lá nas ruas do “Jão”
Um bairro largado
Sem estruturação. (1)

Bairro de operários
Meros funcionários
Vários desalmados
Desesperançados. (2)

Vão para as fábricas
Vendem suas vidas
Soam muitas lágrimas
Em troca de comida. (3)

As vias do bairro
São veias de terra
Cheias de buraco
Faixas de cratera. (4)

O ar, a atmosfera.
Um tumultuo de vozes
Crianças na miséria
Adultos na neurose. (5)

Vida em transição
Rua em movimento
Esquina em tensão
Corpo em desalento. (6)

A fé encruzilhada
Na beira da quadra
A oferenda prostrada
É horrenda e macabra. (7)

A fé de Benfica
Com crenças africanas
Fica bem África
A reza lusitana. (8)


No bairro do bebe
Filho de Iansã
O amigo do Erê
Brinca de manhã.
(1, 2, 3, 4)


Barraco de barro
E bloco de cimento
Sem toque de reboque
Não tem revestimento. (1)

Em obra de barraco
Tudo é aproveitável
A sobra do escasso
Nunca é descartável. (2)

Tábuas pregadas
Ao invés da porta
Janela sem vidro
As paredes tortas. (3)

Água encanada
É escassez na Cohab
Reserve alguns litros
Antes que acabe. (4)

Sem iluminação
Sem eletricidade
A luz de um lampião
Os olhos da claridade. (5)

Um piso batido
Forrado de concreto
Um rosto formado
Na infiltração do teto. (6)

Gotas de prata
Na poeira dourada
Na bacia de lata
Vão os pingos d’agua. (7)

Varias moradias
Em situação precária
O habitat da maioria
Que circula essa área. (8)


No bairro do bebe
Filho de Iansã
O amigo do Erê
Brinca de manhã.
(1, 2, 3, 4)

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