Hummanno

Um poeta autodidata

sábado, 3 de abril de 2010

Três Corações, Uma Só Batida - parte 2

Hummanno

Moleque magricelo
Nariz todo ranhento
A cor do branquelo
De rosto sardento. (1)

Cria da senhora
Maria faxineira
Casada, guerreira
Mora na ladeira. (2)

É carente a criatura
De um cadinho de leitura
A ignorância é a doença
E a cultura é a cura. (3)

Filho do seu “Tião”
Servente de “pedrero”
“Torcedo” do mengão
E do “Véio Barrero”. (4)

Navega na água
Embriagada do bar
E afoga suas mágoas
Na ressaca do lar. (5)

Ele chega bem louco
Quebrando o barraco
Distribuindo soco
Exercitando seu braço. (6)

Casa destruída
Espelho quebrado
Os cacos da vida
Não serão rejuntados (7)

Na família o trauma
Do alcoolismo paterno
A cicatriz vai na alma
E o coração pro inferno. (8)


No bairro do bebe
Filho de Iansã
O amigo do Erê
Brinca de manhã.
(1, 2, 3, 4)


Três Corações
Uma só batida
São as vibrações
Da sagrada família. (1)

Brincando sozinho
Logo de manhã
Rodando trolinho
Carrinho rolimã. (2)

Ou no campo de poeira
Do bairro São João
A trave é de madeira
E a bola é capotão. (3)

Corre um menino
Descalço pé no chão
De corpo franzino
Camisa e calção. (4)

Não sabe se joga
Ou faz acrobacia
Conduzindo a bola
Com destreza e magia. (5)

Driblou mais um
Driblou mais outro
Zagueiro nenhum
Segura o garoto. (6)

Fintando a fome
Passando pelo crime
“Ú mano” é seu nome
A rua é o seu time. (7)

Uma bola que rola
Da linha ao carretel
Uma pipa de desbica
Cortando o céu. (8)

Nenhum comentário: